Após dois anos acontecendo de forma virtual, por causa das restrições da pandemia de Covid-19, a Parada LGBT de Sergipe volta à orla de Atalaia, no próximo domingo, 28/08, com o tema “Vote colorido: Dê vez à nossa voz”. E para marcar esse retorno, a vigésima primeira versão do evento contará com um palco onde se apresentarão diversos artistas, além dos já aguardados trios elétricos.
O palco (SOBRE)VIVER será a grande novidade da Parada esse ano e ganhou este nome como forma de chamar atenção para a luta que pessoas LGBTQIA+ travam diariamente tentando viver suas vidas em plenitude. A estrutura ficará localizada no estacionamento da praia da Cinelândia, ao lado da Passarela do Caranguejo, local conhecido na orla de Atalaia por reunir várias tribos e atividades culturais e recreativas.
A ideia do palco surgiu para atender um pedido antigo do público, que sempre quis uma programação além dos trios. “As pessoas que chegam cedo na orla, por causa de transporte ou porque vem em caravanas, agora poderão aproveitar melhor a programação da Parada”, explica Maria Eduarda Marques, secretária da Astra, ONG que coordena a organização do evento. Além disso, o palco (SOBRE)VIVER será uma ótima oportunidade para apreciar talentos de artistas independentes. A programação de shows começará às 13h, com o grupo percussivo Batalá Sergipe fazendo a concentração, e seguirá tarde adentro, com uma variedade de apresentações culturais de cantores, bailarinos e drag queens.
Logo após os shows no palco (SOBRE)VIVER, será iniciado o desfile dos trios na avenida, esse ano liderados pela cantora Lorena Simpson e o DJ Filipe Guerra, famosos por agitar a noite LGBT nas principais capitais do país. Além deles, a cantora sergipana Isis Nataly e um time de DJs também vão abrilhantar o desfile da diversidade na maior manifestação de rua do estado.
Parada e acessibilidade
A Parada voltará às ruas ainda mais inclusiva. Pela primeira vez, a comissão organizadora pretende agregar a pauta de acessibilidade para a comunidade de pessoas com deficiência (PCD). Ainda de forma experimental, o intuito é oportunizar espaços para pessoas com deficiência e seus acompanhantes celebrarem a primeira edição presencial, após dois anos de pandemia.
A comissão convidou a servidora pública e pesquisadora Lorena de Castro, diagnosticada há pouco mais de um ano como pessoa autista, que está integrando a equipe da Parada pela primeira vez. Para ela é importante fortalecer a pauta LGBTQIAP+ através da perspectiva interseccional junto ao movimento de pessoas com deficiência. “O diagnóstico me fez buscar e questionar ainda mais a acessibilidade e a inclusão nos diversos espaços, para além das questões LGBT com que eu já me identificava”, observa a militante. Com isso, a organização da Parada almeja evidenciar a importância do acesso e permanência de pessoas com deficiência nos grandes eventos de rua do estado, que tanto mobilizam a economia, o turismo e a população local.
A importância do voto colorido
Voltando às ruas em ano de eleições, a 21ª Parada LGBT de Sergipe trará como mote a importância de votar em candidatos que representem as pautas da comunidade LGBTQIA+ nos cargos legislativos e executivos. Para Maria Eduarda Marques, assistente social que compõe a comissão de mobilização da Parada, quando uma minoria consegue chegar aos espaços de poder, toda sociedade avança. “Temos que fazer nosso papel, nos unir e mostrar que juntos somos mais fortes. Prova disso foram as últimas eleições onde muitos candidatos LGBTQIAP+ conseguiram ser eleitos pelo voto do povo”, pontuou a militante que também é 1ª secretária da Astra.
Não é a primeira vez que a Parada conscientiza a comunidade para a importância do voto. Em 2010, pautas que hoje são realidades, como uso do nome social para travestis e transexuais, criminalização da LGBTfobia e união civil entre pessoas do mesmo sexo, estampavam o cartaz da 9ª Parada LGBT de Sergipe, com o tema “Vote em quem defende você”. Já em 2014, o slogan “Nossa arma na luta por cidadania e respeito à diversidade”, da 13ª Parada LGBT de Sergipe, ressaltava a importância de obter o título de eleitor para votar nas eleições.
Sobre a Parada LGBT de Sergipe
A Parada LGBT de Sergipe começou há vinte anos, como um evento desacreditado pelos gestores públicos, que desejavam que a festa fosse fechada, como um baile de carnaval. Em julho de 2002, contra toda ignorância e tentativas de boicote, a primeira Parada LGBT de Sergipe aconteceu na Passarela do Caranguejo, na orla de Atalaia, com a adesão de algumas dezenas de pessoas marchando atrás do trio na avenida.
Hoje, a Parada é a maior manifestação de rua do estado de Sergipe e faz parte do calendário cultural do município de Aracaju, pela Lei nº 3730, de 30 e junho de 2009. O evento, que levou 160 mil pessoas à Orla de Atalaia em 2019, movimenta o turismo da cidade e promove políticas públicas de visibilidade e inclusão a cada ano.
Em 2020 e 2021, com as medidas restritivas de isolamento social por causa da pandemia de Covid-19, a Parada aconteceu de forma virtual. A programação transmitida pela internet através do YouTube nesses dois anos somam mais de dezoito horas de conteúdo sobre a história do evento, conquistas do movimento LGBT sergipano, depoimentos e entrevistas de militantes locais e nacionais, além de diversas apresentações culturais. As duas transmissões totalizam hoje mais de 13 mil visualizações.
Sobre a Astra
A Astra – Direitos Humanos e Cidadania LGBTQIA+ é uma instituição não-governamental fundada em 2001, em Aracaju (SE), que atua desenvolvendo diversas atividades na busca da cidadania e garantia dos Direitos Humanos. A Astra foi reconhecida como entidade de utilidade pública, através da Lei nº 5.918, de 9 de junho de 2006.
Desde 2002, a Astra coordena a realização da Parada LGBT de Sergipe, agregando entidades do movimento LGBTQIA+ de Sergipe e membros voluntários, organizados em comissões específicas.
Fonte e foto assessoria