Evento reuniu cerca de 60 representantes no auditório da instituição
Por que os jovens não se identificam com o movimento sindical? Essa foi a pergunta que motivou o Ministério Público do Trabalho em Sergipe (MPT-SE) a promover, na manhã desta quinta-feira (21), um encontro com representantes de centros acadêmicos, grêmios estudantis e estudantes de Direito. O evento é parte do projeto “Sindicalismo e Juventude”, que tem como objetivo aproximar os jovens da atividade sindical.
De acordo com o procurador do Trabalho e coordenador regional da Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical e do Diálogo Social (Conalis), Ricardo Carneiro, que mediou o encontro, alinhar o discurso do sindicato às necessidades dos jovens é uma preocupação recente. “Na realidade dos jovens, os direitos já estão postos, então o papel dos sindicatos é pouco conhecido e questionado. Mas, na verdade, muitos dos direitos do trabalho são frutos de conquistas dos sindicatos”, explicou.
O foco da discussão do encontro foi o Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para o fim da escala de trabalho 6×1. Em torno da temática, foram abordadas questões relativas à produtividade e saúde física e mental do trabalhador, além de métricas de acidentes e doenças nos últimos anos no Brasil e o fenômeno da pejotização. Diversas questões que contribuíram para pensar na importância do movimento sindical e da participação de representantes do trabalho moderno para decisões eficazes foram discutidas.
Ainda de acordo com o procurador, o propósito do encontro é estimular o público jovem a qualificar o debate sindical. “O modelo do trabalho está mudando em uma velocidade absurda e essa mudança está associada à crise do movimento sindical. As demandas do jovem trabalhador e da jovem trabalhadora são completamente diferentes das apresentadas pelo público de meia idade, que é o que compõe movimento sindical. E, para que o sindicato olhe para vocês, é preciso que exista representação”, destacou o procurador do Trabalho Ricardo Carneiro.
Nathália Navarro, representante do Centro Acadêmico Silvio Romero, disse que esse é um debate necessário. “Com o sindicato enfraquecido, fazer mudanças bruscas como a redução de jornada 6×1, seja de 5×2 ou 4×3, é basicamente impossível. É preciso que haja uma apreciação técnica e mais adequada ao panorama socioeconômico do Brasil. Estamos falando de reduzir a jornada de trabalho em um país de cultura escravocrata, que desrespeita a legislação básica do trabalho”, pontuou.
A estudante de Direito da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Sara Roberta Nunes, reforçou os empecilhos da falta de sensibilização dos jovens com o movimento sindical. “Se os jovens não se sentem abraçados pelos sindicatos, a contribuição sindical, que não é obrigatória, não será paga. O grande problema disso é que, com o sindicato enfraquecido, temos empregadores fortes. Em um cenário como esse, não tem como esperar que acordos e convenções coletivas sejam favoráveis aos trabalhadores”, declarou a estudante.
“Sindicalismo, Diversidade e Atos antissindicais”
O debate em torno da atividade sindical e a PEC da escala 6×1 vão continuar no MPT-SE. Na próxima quarta-feira (27), acontece um novo encontro no auditório da instituição, com a presença de empresários e representantes de entidades e centrais sindicais.
Texto e foto: Lays Millena Rocha