Dando continuidade às discussões sobre a inserção cultural dos povos tradicionais de matriz africana nas comemorações dos 170 anos de Aracaju, a Prefeitura participou, nesta terça-feira, 28, da reunião ordinária do Conselho Municipal de Participação e Promoção da Igualdade Racial (Comppir), realizada na Casa dos Conselhos.
O presidente interino da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), Fábio Uchôa, e a secretária municipal da Família e Assistência Social (Semfas), Simone Valadares, ouviram atentamente as demandas e sugestões apresentadas pelos representantes do movimento negro no que diz respeito à programação do evento.
Para a presidente do Comppir, Maria Elisângela dos Santos, esse alinhamento representa um avanço importante para os militantes do movimento negro. “Acredito que também para a gestão atual, que está construindo um momento histórico. É algo inédito, um marco que estamos começando do zero e, com certeza, vamos avançar”, declarou ela. “O fato de sermos chamados para dialogar já representa um grande progresso, incluindo nossas manifestações religiosas e culturais. Essa valorização é essencial para o povo preto de Aracaju”, acrescentou Elisângela.
De acordo com Fábio Uchôa, o objetivo é buscar esclarecer dúvidas e dialogar com o grupo, especialmente com os representantes das religiões de matriz africana que participaram do encontro. “A reunião foi muito produtiva. Compreendemos as dores de muitos, o que é natural, considerando o longo histórico de exclusão dos povos tradicionais nos processos festivos de Aracaju. Porém, estamos vivenciando um novo momento. Como foi destacado, por determinação da prefeita Emília Corrêa, ações concretas já estão sendo implementadas, e esses grupos serão reconhecidos e incluídos nas comemorações do aniversário da cidade”, afirmou o presidente interino da Funcaju.
Durante a reunião, os representantes tiveram a oportunidade de opinar sobre a programação, contribuir com informações importantes sobre as ações afirmativas do movimento negro e sugerir artistas que irão compor a programação artística das festividades de aniversário da capital, reforçando a representatividade cultural no evento.
Um dos destaques confirmados na programação é o Mestre Saci, cantor e compositor da comunidade quilombola Maloca, situada no bairro Cirurgia. O artista ressaltou a importância do reconhecimento cultural. “Valorizar os músicos e os mestres que estão vivos hoje é essencial, pois suas trajetórias foram marcadas por muitas lutas e conquistas. Esse reconhecimento é uma forma de reparação por anos de esforço e resistência. Chegar onde estou hoje, assim como muitos mestres chegaram ao patamar em que se encontram, não foi um caminho fácil”, destacou ele, que lançou recentemente o EP Nova Estação, cuja canção principal é Pau para Badogue.
AAN – Foto: Ronald Almeida/PMA