O Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Sergipe (Sinpol-SE) reforça a necessidade urgente de investimentos na estrutura física das delegacias, na capacitação dos profissionais e na valorização salarial dos oficiais investigadores.
Em visitas recentes a unidades policiais, o presidente do sindicato, Jean Rezende, constatou condições precárias em diversas delegacias do estado, o que impacta diretamente a qualidade do atendimento à população e as condições de trabalho dos servidores.
Atualmente, entre as delegacias visitadas, a Central de Flagrantes conta com uma nova estrutura prestes a ser inaugurada. A unidade de Nossa Senhora da Glória também recebeu um novo espaço, mas trata-se de um prédio alugado, quando o ideal seria a reforma de uma unidade própria do Estado. Outras delegacias, como as de Lagarto e Maruim, seguem com graves problemas estruturais, necessitando de intervenções urgentes.
Outro ponto alarmante é a situação do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV) de Aracaju, que possui apenas um único banheiro para uso de servidores, vítimas, suspeitos e advogados. “Não se trata apenas da dignidade do trabalhador, mas também da população que busca proteção na Polícia Civil. Um ambiente adequado impacta tanto quem presta o serviço quanto quem precisa dele”, destaca Jean Rezende.
Capacitação e Tecnologia: Combate ao Crime Moderno
O presidente do Sinpol-SE também reforça que, além da estrutura física, é fundamental investir em capacitação e tecnologia. “O crime organizado evoluiu e está cada vez mais tecnológico. Para que a Polícia Civil mantenha seus altos índices de elucidação, reconhecidos pelo Ministério da Justiça, é imprescindível investir em equipamentos modernos e na formação contínua dos nossos profissionais”, ressalta.
Apesar de haver cursos oferecidos pela Academia de Polícia e pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, a oferta ainda é limitada e não atende a todos os servidores. O curso de sobrevivência policial, por exemplo, criado por oficiais investigadores, não é exclusivo para policiais civis, o que reduz a disponibilidade de vagas. “A capacitação precisa ser constante e acessível a todos os policiais civis. Um profissional bem preparado garante maior segurança para a sociedade”, enfatiza Rezende.
Desvalorização e Êxodo de Profissionais
Outro problema grave enfrentado pela categoria é a defasagem salarial. Muitos policiais civis estão migrando para outros estados em busca de melhores remunerações. “O Estado investe na realização de concursos e na formação na Academia de Polícia, mas não consegue manter esses profissionais devido aos salários defasados”, explica Rezende. Atualmente, os oficiais investigadores de Sergipe ocupam o 25º lugar no ranking salarial nacional, enquanto a categoria segue liderando em índices de elucidação de crimes.
A disparidade salarial dentro da própria Polícia Civil também é um ponto de preocupação. “Os delegados estão entre os cinco melhores salários do país, enquanto os oficiais investigadores estão em uma posição extremamente inferior. Essa diferença absurda desestimula os profissionais e compromete a qualidade do serviço prestado”, destaca o presidente do sindicato.
Impacto na Saúde dos Policiais Civis
A falta de valorização também afeta a saúde dos policiais civis. A necessidade de cumprir jornadas extras para complementar a renda reduz o tempo de descanso e compromete o bem-estar dos profissionais. “A carga horária é exaustiva, o que tem gerado um aumento significativo de afastamentos por questões psicológicas”, alerta Jean Rezende.
O Núcleo de Apoio Biopsicossocial, criado em 2023, tem registrado grande demanda, evidenciando a necessidade de mais suporte para a saúde mental dos policiais. Além disso, programas como o Escuta Susp, da Secretaria Nacional de Segurança Pública, ainda têm alcance limitado e precisam ser ampliados.
Oportunidade para Mudança
O presidente do Sinpol-SE reforça que a desvalorização da categoria não é um problema recente, mas que o atual governo tem a oportunidade de corrigir essa defasagem. “Se nada for feito, os altos índices de elucidação podem cair e a criminalidade aumentar, como já acontece em estados vizinhos como a Bahia e o Ceará”, alerta.
Jean Rezende destaca ainda que, entre 2007 e 2010, durante a gestão do ex-governador Marcelo Déda, houve um investimento significativo na segurança pública, tanto na estrutura quanto na valorização dos profissionais. “Até hoje colhemos os frutos desse período, mas essa política precisa ser retomada para que possamos continuar oferecendo um serviço de excelência à população sergipana”, conclui.
O Sinpol-SE segue na luta por melhores condições de trabalho, estrutura digna, capacitação adequada e valorização salarial dos policiais civis de Sergipe. É fundamental que o Estado atue para garantir a permanência de profissionais qualificados e, assim, fortalecer a segurança pública no estado.
Texto e Imagens: Ascom/Sinpol