O projeto ‘Alma Africana: reconhecendo as diferenças, esperançando a equidade’, protagonizado pelo professor Evanilson Tavares de França, no Centro de Excelência Nelson Mandela, em Aracaju, levou o 9º Prêmio Educar com Equidade Racial e de Gênero. Ele foi o vencedor na categoria “docente – ensino médio”, como parte da programação do “3º Encontro Diálogos Antirracistas: educação, democracia e equidade”, realizado em São Paulo/SP.
Foram selecionados 16 trabalhos finalistas, sendo eleitas oito propostas na categoria Prática Docente e oito na categoria Prática Escola. Esta última não teve inscritos de Sergipe. Cada uma das 16 práticas levou o prêmio de R$ 7 mil, além de livros na temática de equidade racial e de gênero na educação básica.
“São mais de 10 prêmios, o que nos estimula a continuar, envolver e conquistar pessoas para que participem. O prêmio é uma iniciativa do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade, e ficamos muito lisonjeados”, afirmou Evanilson Tavares.
Trajetória de sucesso
O professor lembra que o projeto foi criado em 2005, ainda na Escola Estadual Benedito Oliveira. Depois foi acolhido de 2009 a 2022 no Centro de Excelência John Kennedy, e desde 2023 está inserido no projeto do Nelson Mandela.
As principais atividades de 2024 do Alma Africana consistiram na vivência pedagógica em 11 comunidades quilombolas de Sergipe, formação de professores e alunos sobre as diferenças, independentemente de características físicas, religiosidade, étnico-racialidade, orientação sexual e gênero.
Nos dias 5, 6 e 19 de novembro, o projeto Alma Africana lançará o espetáculo ‘Elza que Vi’, protagonizado por alunos do Centro de Excelência Nelson Mandela e atores e atrizes convidados, no Teatro Atheneu em Aracaju. Também será lançada a antologia ‘Quando a palavra canta, nasce uma poesia”, com poemas de alunos da unidade escolar.
Alma Africana
Todas as atividades têm como base a Lei 10.639/03 e a Resolução CNE/CP n° 1/2004, que versam sobre a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Além da legislação, o professor Evanilson Tavares foi além e levou para o projeto os saberes afrodiaspóricos: o conhecimento das resistências que se expandiram pelo mundo por meio da diáspora, a migração forçada dos povos africanos.
“As forças que movem o projeto são os saberes afrodiaspóricos, a sensibilidade Ubuntu de mundo, a escuta dos ancestrais e a decolonialidade”, ou seja, a sensibilidade Ubuntu como conceito africano que defende a capacidade de compreender, aceitar e tratar bem aos outros e a decolonialidade como um conjunto de práticas, conceitos, estudos e pesquisas que têm como objetivo diminuir ou reverter os efeitos da colonização em sociedades que foram afetadas por esse processo histórico.
O projeto Alma Africana a cada ano define um tema a ser trabalhado e realiza articulações com militantes de movimentos negros, organizações jurídicas, parceiros acadêmicos e comunidades quilombolas onde ocorrem vivências pedagógicas. “Como estamos em uma nova escola, o desafio é estimular e envolver os alunos”, destacou Evanilson.
Prêmio Educar com Equidade Racial e de Gênero
O prêmio criado no início do ano 2000 pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade é dividido em duas categorias: Prática Docente e Escola. O objetivo é fortalecer a ação coletiva da escola, que busca identificar e valorizar práticas pedagógicas exitosas de professoras/es e gestoras/es da educação básica.
O propósito principal é de construir equidade racial e de gênero, concretizando o direito ao pleno desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens negras/os, indígenas, brancas/os e de outros grupos étnico-raciais. A premiação encerrou os três dias do encontro ‘Diálogos Antirracistas’, com o intercâmbio de conhecimentos entre educadoras/es, pesquisadoras/es, jovens, egressas/os do sistema carcerário e sociedade civil.
Foto: Divulgação/Seduc