No segundo e último dia de Cena Nordeste etapa Sergipe, grupos folclóricos sergipanos tomaram conta do Centro de Criatividade, em Aracaju, espalhando cultura e tradição.
Há oito anos, Genisson Fontes é integrante dos Parafusos — grupo folclórico do município de Lagarto que representa a fuga dos negros escravos, que tinham uma vida árdua e que, na calada da noite, roubavam as anáguas que eram penduradas pelas sinhas, as colocavam e conseguiam escapar.
Para ele, o Cena Nordeste é uma oportunidade de manter a tradição dos grupos folclóricos viva. “É importante ter eventos como este, principalmente para ajudar a manter a nossa cultura viva, a nossa identidade cultural, e para que as pessoas consigam conhecer mais sobre a cultura do nosso estado”, falou.
Integrante do grupo São Gonçalo de Amarante desde os 9 anos de idade, o mestre Neilton Santana explica que é importante que mais pessoas conheçam esse tipo de tradição. “O São Gonçalo é uma dança que tem ao lado um misticismo, com músicas ligadas à devoção ao São Gonçalo, e também músicas que falam da tradição, da nossa religião e também da nossa ancestralidade. É importante para divulgar a manifestação cultural da Mussuca, da cidade de Laranjeiras, e também para propor às pessoas que não conhecem a tentar conhecer e prestigiar essa manifestação linda”, concluiu.
O filho do eterno Mestre Deca, José Carlos do Santos, está dando continuidade ao trabalho do pai com o Grupo Folclórico Cacumbi. O atual mestre classificou o evento como maravilhoso e torceu para que tenham próximas edições. “É um evento muito, muito maravilhoso, que depois desse venham outros e mais outros, onde a gente possa fortalecer mais ainda”.
O Cacumbi, que é um grupo centenário de origem africana, apresentou-se na tarde deste sábado, 12, no Centro de Criatividade. O grupo é formado por homens que dançam em homenagem a dois santos — Nossa Senhora do Rosário e São Benedito — nas festas de Santos Reis, comemorada no dia 6 de janeiro.
A dona de casa Rosa Maria Santos faz parte do grupo Parafusos há mais de 20 anos, mas hoje acompanhou da plateia. “Eu vim assistir aos Parafusos e achei lindo. Grupo folclórico sempre é. É importante mostrar nossa cultura a essa turma nova, à juventude, que já vai crescendo e conhecendo”, ressaltou.
O professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Ivanildo Piccoli veio a Sergipe para prestigiar o Cena Nordeste. “Tenho vários amigos aqui que se apresentaram, e o evento me proporcionou muito material de pesquisa. Está maravilhoso. Acompanhei a edição lá em Maceió também, e daí eu vim para prestigiar”.
Ele ainda contou que veio para ver o Parafuso e o Zambiapunga (BA). “Sou pesquisador de máscaras da cultura popular brasileira, e esses são dois grupos que eu acompanho há mais de 20 anos. Eles são referências para mim de trabalho, para os alunos, para as pesquisas. Então eu achei muito importante saber que há mais de 20 anos é possível acompanhar um grupo como os Parafusos”, finalizou.
Foto: Igor Matias