Projeto envolveu mais de 6 mil pessoas, direta ou indiretamente, com suas ações de educação ambiental e restaurou 11,14 hectares de área de Mata Atlântica na região de Laranjeiras
6.014 pessoas envolvidas direta ou indiretamente em ações de educação ambiental e restauração de 11,14 hectares de área de Mata Atlântica, com o plantio de mais de 10 mil mudas de espécies nativas. Este são apenas dois dos resultados apresentados pela equipe do Projeto Azahar: Flor de Laranjeiras, nesta quinta-feira, 04,” durante a palestra “Azahar e a comunidade”, que fechou a programação do II Seminário Água e Cultura em Sergipe. O evento marca o encerramento do projeto, realizado desde 2019 pela UFS e Fapese, em parceria com a Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
Entre as pessoas envolvidas nas ações do Azahar estiveram estudantes das redes pública e particular, universitários, pescadores, professores, gestores públicos e público em geral, sobretudo a população do município de Laranjeiras. As ações de educação ambiental, considerado o principal eixo do projeto, incluíram atividades nas escolas, feiras livres, dias de campo, eventos técnico-científicos, atividades participativas, como oficinas dentro da temática central do projeto e de direitos humanos, a realização de dois cursos de formação, com destaque para a formação de 56 especialistas em Recursos Hídricos e Meio Ambiente.
Para o professor Antenor Aguiar, coordenador geral do Azahar, a “Especialização em Recursos Hídricos e Meio Ambiente”, ofertada pela UFS, por meio do Programa de pós Graduação em Recursos Hídricos e com o apoio do Projeto Azahar: Flor de Laranjeiras, foi emblemática. Inicialmente prevista no projeto como um curso de extensão, a ação se tornou uma Especialização Latu Sensu de 360 horas de aula, que foi realizada na modalidade EAD, devido ao isolamento social imposto pela pandemia da COVID-19.
A iniciativa está formando 56 novos especialistas, que tendem a dar continuidade ao trabalho iniciado pelo projeto Azahar nas comunidades em que vivem ou atuam. “Essas 56 pessoas que estão finalizando suas formações estão realizando pesquisa científica, se mesclaram com nosso campo de trabalho. Elas acabam sendo multiplicadoras da ideia de preservação ambiental, de paixão pelo rio Sergipe. Elas deixam de ser números, e passam a ser então histórias de vida”, destaca Antenor Aguiar, ressaltando que entre os 56 discentes, 31 são professores e professoras da rede pública e os demais são pessoas da comunidade de Laranjeiras, local de realização do projeto.
Educação ambiental
Por meio de fotografias, a assessora de educação ambiental, Aldjane Moura, apresentou uma verdadeira linha do tempo das ações de educação ambiental realizadas pelo projeto, focando sobretudo naquelas que foram realizadas na Escola Estadual João Ribeiro, na sede de Laranjeiras.
Aldjane Moura rememorou algumas ações emblemáticas, a exemplo da construção de uma horta comunitária na escola João Ribeiro, palestras, oficinas, atividades lúdico-educativas, além de visitas com estudantes de escolas da rede pública de Laranjeiras a espaços que reforçam a preservação ambiental e cultural, como o Museu da Gente Sergipana e o Oceanário de Aracaju.
Ela contou que apesar das dificuldades impostas pela pandemia, as ações de educação ambiental do projeto não pararam. “Com muita criatividade, nossa equipe buscou ações que pudessem ser desenvolvidas mesmo à distância e que mobilizassem a comunidade. Assim, realizamos um concurso de redação e um concurso de desenhos com o tema meio ambiente, envolvendo os estudantes da rede pública de Laranjeiras e foi um sucesso”, comemorou.
Outra ação de educação ambiental marcante foi a elaboração, distribuição e abordagem pedagógica nas ações do projeto, de três cartilhas educativas: “Laranjeiras e o rio Sergipe: uma viagem no tempo”, “A Sereia do Rio Cotinguiba” e “Amigos do Azahar”. Utilizando o método das histórias em quadrinhos e de atividades lúdico-educativas, as cartilhas contam a história de Laranjeiras, do Rio Sergipe e do Rio Cotinguiba, além de transmitir uma importante mensagem sobre a importância da preservação ambiental e dos impactos do desequilíbrio ecológico na saúde. Exemplares das cartilhas também foram distribuídos nas escolas das redes pública e privada de Laranjeiras e em escolas da Rede estadual e estão disponíveis gratuitamente para download no site do Projeto Azahar.
Restauração Florestal
A restauração florestal também obteve resultados impactantes: 11,14 hectares plantados, superando a meta de 10 hectares prevista inicialmente no projeto, e 10.163 mudas plantadas de 28 espécies nativas da Mata Atlântica, que contribuem não apenas do ponto de vista hidrológico e ecológico, mas também do ponto de vista da educação.
Como forma de entrelaçar a restauração florestal e a educação ambiental, foram realizados momentos de plantios educativos, que mobilizaram meninos e meninas estudantes de escolas da rede pública e seus pais. O plantio na primeira área de reflorestamento do projeto, às margens do Rio Cotinguiba em Laranjeiras, foi justamente com a presença da criançada, mostrando a importância das árvores e das florestas para o bem estar da população e para a sobrevivência dos rios.
O segundo plantio ocorreu na praça em frente à Escola Joao Ribeiro, em alusão ao dia da Água e o dia da Floresta, em 2020, e rememorou uma ação desafiadora: uma oficina de plantio de mudas em plena pandemia, realizada de maneira remota. Após a oficina, realizada online, em que os conteúdos e técnicas foram compartilhados, o projeto disponibilizou mudas para que os pais de estudantes pudessem plantá-las posteriormente, pondo em prática os conhecimentos adquiridos na aula online.
“A restauração Florestal não foi concebida no projeto de maneira isolada, técnica, mas compreendendo que a intervenção humana para a restauração florestal passa pela sensibilização das pessoas. Para além de plantar a muda no chão, devolvendo a vida às florestas, nós buscamos plantar na mente no coração das pessoas a necessidade de restaurar e preservar as florestas”, destacou o coordenador técnico do Projeto Azahar, o engenheiro florestal Thadeu Ismerim.
Outra maneira de envolver a população foi por meio da contratação da mão de obra exclusivamente local para a realização do trabalho de restauração florestal. “Ao longo do projeto, foram contratados 15 trabalhadores. A gente acredita que, contratar as pessoas das próprias comunidades é uma forma de gerar uma renda, mas também de envolver a população local nas ações do projeto e reforçar o vínculo com a comunidade local”, apontou Thadeu.
Lançamento do livro
O Professor Antenor Aguiar aproveitou a oportunidade para convidar a todos para o Lançamento do Livro “Azahar: Flor de Laranjeiras”, segundo realizado pelo projeto. A solenidade será presencial, no próxima quinta-feira, dia 11 de novembro, às 15h30 no hall da Reitoria da UFS.
Monitoramento Hídrico
O Azahar também buscou conhecer a realidade do acesso e da qualidade da água consumida pela a população de Laranjeiras e do rio Sergipe. Para isso, o projeto realizou diagnóstico da potabilidade da água consumida, por meio da avaliação dos poços que abastecem as comunidades Bom Jesus e Pedra Branca, além do monitoramento qualiquantitativo do rio Sergipe e do seu afluente Cotinguiba, analisou a quantidade (vazão) e a qualidade (características químicas, físicas e biológicas).
Minicursos
A diversidade de temáticas, debates e sentidos marcou a manhã do II Seminário Água e Cultura em Sergipe. Foram 4 minicursos que, apesar de abordarem temáticas tão heterogêneas, convergiram quanto à necessidade de preservação ambiental e cultural.
“Sem água, sem folha, sem orixá”. A frase expressa a profunda relação entre a preservação da natureza, considerada sagrada, e o Candomblé. Esta temática permeou os debates em torno do minicurso 1 “Sentidos e significados da natureza para o Candomblé”, ministrado pelo professor Alexandre Marques, (ERHMA/UFS).
Indo além da perspectiva instrumentalista do cinema e da comunicação em sala de aula, os professores mestres Diogo Teles e Raul Marx Rabelo Araujo, Pesquisadores do Núcleo Interdisciplinar de Cinema e Educação, conduziram o minicurso “Educação, cinema e direitos humanos”, permeado pelo o conceitos de “Cinema-educação”, Alteridade, criação, experiência, emancipação e ética.
Os conceitos de cultura memorial e imemorial e suas intersecções com a identidade de um povo foram centrais no minicurso “Cultura patrimonial”, ministrado pelo professor MSc. Ibernon Da Macena (SEJA/DED/SEDUC).
O tema “Saúde e Meio Ambiente” foi abordado numa perspectiva pedagógica, durante o Minicurso 4, que contou com a coordenação dos professores Dr. Cristyano Ayres (SEDUC); MSc. Eliene Oliveira da Silva (ERHMA/UFS) e Ana Paula Moura (SEDUC).
Sobre o evento
O Seminário Água e Cultura em Sergipe ocorreu nos dias 03 e 04 de novembro com uma vasta programação que incluiu palestras, minicursos e mesa redonda, além do lançamento do videoclipe “Vamos sambar de pareia” do grupo folclórico “Samba de Pareia da Mussuca”, vencedor do primeiro concurso para conjuntos musicais da cidade de Laranjeiras, realizado pelo Projeto Azahar: Flor de Laranjeiras em agosto e setembro deste ano.
A palestra de abertura “Manifestações culturais das populações ribeirinhas do Estado”, foi realizada pela historiadora, escritora e Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, Professora Aglaé d’Ávila Fontes, considerada uma das mais importantes folcloristas do Brasil.
A programação contou com uma palestra em que os coordenadores técnico e de comunicação do Projeto “Corredor Caipira: Conectando paisagens e pessoas”, apresentaram a iniciativa, desenvolvida em Piracicaba-SP com o patrocínio da Petrobras. O “Rio Sergipe: problemas e potencialidades” também foi tema de palestra, ministrada pelo Prof. Dr. Luiz Carlos Sousa Silva, representante da Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO).
Por Débora Melo