Em janeiro deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) determinou uma nova sugestão de cuidado para pacientes com covid-19: a utilização de oxímetro para monitorar níveis de oxigênio em casa. Muito comum na rotina de avaliação de pacientes nos hospitais, o aparelho, que monitora a porcentagem de oxigênio no sangue e os batimentos cardíacos, pode auxiliar na triagem de pacientes infectados pela covid-19.
De acordo com a pneumologista cooperada Unimed Sergipe, Ana Paula Argolo, com a pandemia de covid-19 o uso do aparelho, que já era comum nos hospitais, se disseminou. Isso porque o oxímetro é um grande aliado durante a avaliação clínica do paciente com covid, já que mede, indiretamente, a concentração de oxigênio transportada pelo sangue.
“Principalmente naqueles pacientes com covid com formas que há o que a gente chama de poxemia silenciosa, conseguimos detectar que a concentração de oxigênio está caindo antes mesmo de o paciente ter sintomas como falta de ar e tosse intensa. Então, é um aparelho que pode auxiliar muito na monitorização destes pacientes. No entanto, temos que lembrar que esse é apenas mais um dado, mais um parâmetro. Então, a leitura e a interpretação desse dado tem que ser cautelosa”, alerta a pneumologista.
Ela explica ainda que, em medidas inferiores a 94%, acende-se um alerta para que o paciente procure assistência médica, esclareça dúvidas e às vezes até detecte formas hipoxêmicas mais precocemente. Com isso, poderá iniciar um tratamento e uma internação numa fase da doença em que a equipe médica consiga evitar que haja deterioração clínica.
Na hora de fazer a aferição da saturação de oxigênio com aparelho de oximetria de pulso digital, algumas recomendações se fazem importantes. A primeira delas, citada pela médica, é a utilização de um aparelho que esteja bem calibrado. Ela ressalta que, de forma geral, os aparelhos novos vêm da fábrica bem calibrados. Entretanto, com quedas e exposição à água, por exemplo, essa calibração pode se perder.
“É preciso ter muito cuidado na hora de selecionar o aparelho. Observe se as pilhas estão novas e, além disso, dê preferência a escolher um aparelho que seja validado pelo Inmetro. A segunda observação é que você assuma uma posição confortável, fique em repouso, coloque a mão numa altura abaixo da linha do coração. Essa mão, de preferência, tem que estar aquecida, ela tem que ficar em repouso durante a aferição. É importante também lembrar que unhas postiças e esmaltes podem interferir na leitura do aparelho. Muito cuidado na hora de eleger o dedo que você vai colocar no aparelho para fazer a aferição”, detalha Ana Paula Argolo.
Mesmo sendo um método com uma acurácia razoável, a pneumologista chama atenção para a possibilidade de falhas, por ser um método passível de interferências. Por exemplo, unhas pintadas, unhas postiças e pessoas com as mãos frias podem ter os níveis de saturação de oxigênio aferidos pelo oxímetro mais baixos e não necessariamente isso ser confirmado num exame de maior acurácia, ao qual a profissional chama de gasometria arterial.
“Então, é importante que as pessoas ao adquirirem o oxímetro de pulso lembrem disso, que que a gente não superestime as medidas, nem as subestimem. É importante que, a partir do momento que você encaixe o aparelho no dedo, você aguarde trinta segundos para ver a estabilização das medidas. Após esses 30 segundos iniciais, observe nos minutos subsequentes qual é a aferição que fica em maior permanência no visor do aparelho. Essa fica sendo a aferição da saturação naquele momento”, orienta a médica cooperada Unimed Sergipe.
Outro dado relevante fornecido pelo aparelho, que pode ser muito importante na hora da avaliação clínica do paciente, é a frequência cardíaca. Frequências muito altas, acima de 100 batimentos por minuto, também acendem um sinal de alerta na hora de avaliar um paciente com covid-19.
“A oximetria de pulso é mais um de vários parâmetros que a gente avalia na hora de monitorar um paciente com doenças que podem ser hipoxêmicas, como é o caso da covid. Outros parâmetros são a frequência respiratória em um minuto. É preciso contar em um minuto quantas impulsões respiratórias aquele paciente está fazendo, porque a saturação de oxigênio pode estar em um nível normal, mas para manter aquele nível o paciente aumentou a frequência de respirações o minuto, e isso é outro parâmetro que merece ser levado em consideração”, alerta a pneumologista, ao ressaltar outros parâmetros que aos quais é preciso se atentar.
Equipe Agô