Mesmo com a pandemia da COVID-19, não cessaram as ações do Projeto Azahar: Flor de Laranjeiras, iniciativa realizada pela UFS e Fapese em parceria com a Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental. Desde junho deste ano, o projeto está reflorestando uma área de mais de 10 hectares, com 10 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, no município de Laranjeiras, no curso do rio Cotinguiba.
Nesta quinta-feira, 20, a equipe do Projeto realizou, como faz cotidianamente, mais uma visita técnica ao local com o objetivo de acompanhar o processo de plantio. A equipe também visitou a primeira área que ocorreu intervenção de ações de restauração florestal do projeto, e analisou as mudas plantadas em julho do ano passado a fim de avaliar seu desenvolvimento. O primeiro plantio restaurou 2,5 hectares na área urbana da sede de Laranjeiras, próximo à praça de eventos do município, onde foram plantadas 2.500 mudas.
O coordenador geral do Azahar, professor Dr. Antenor Aguiar conta que, mesmo com a pandemia, a equipe técnica do projeto optou pelo plantio tendo em vista o aproveitamento da quadra chuvosa em nosso Estado, o que assegura melhor resultado no que tange o desenvolvimento das mudas.
Mas, segundo Antenor, o momento exige que a equipe seja criteriosa para evitar a contaminação pela COVID-19. “Estamos tomando todas as precauções e seguindo as orientações das autoridades de saúde”, completou o professor. “Reduzimos a equipe que está atuando em campo para que possamos trabalhar com segurança, mantendo o distanciamento entre os trabalhadores. Atualmente estamos com seis trabalhadores”, completou o coordenador técnico do projeto, Thadeu Ismerim.
“As duas áreas que estamos restaurando com mudas de espécies nativas da Mata Atlântica são a nossa contribuição não apenas do ponto de vista hidrológico e ecológico, mas também do ponto de vista da educação. Temos o desejo de que as pessoas entendam a importância de devolver à natureza suas espécies nativas”, destacou Antenor.
Mata ciliar: proteção dos rios e dos ecossistemas aquáticos
O engenheiro florestal, mestre em Agroecossistemas e coordenador técnico do Projeto Azahar, Thadeu Ismerim, aponta que no manejo das bacias hidrográficas, as matas ciliares exercem importantes funções para a sustentabilidade do sistema, como o controle de erosão e assoreamento dos rios. “Sua principal função é o controle da erosão por conta da copa das suas árvores, que amortecem o impacto dos pingos das águas da chuva no solo”, explicou Thadeu.
Thadeu aponta ainda que a vegetação posicionada à margem dos rios funciona também como uma espécie de filtro. “Geralmente associadas às matas ciliares, temos as áreas agrícolas. Em eventos de chuvas torrenciais, todo o material que vem carreado das áreas agrícolas pode ser depositado dentro do rio, caso não exista a proteção da mata ciliar”, elucidou, destacando ainda que este tipo de vegetação exerce papel importante na biodiversidade, pois funciona como corredor ecológico e como proteção da fauna aquática.
“Por conta de toda essa importância, as matas ciliares são considerada Áreas de Preservação Permanente, pelo novo Código Florestal Brasileiro”, apontou o coordenador técnico, ao explicar que a legislação exige uma faixa mínima de 30 metros de mata ciliar, para rios com largura de até 10 metros.
Cada espécie em seu lugar
O técnico agropecuário do projeto, Ricardo Rogério, explica que antes de iniciar o trabalho de restauração florestal, foi feito um estudo para identificar quais espécies seriam plantadas no local.
“O projeto trabalha com 28 espécies, que são nativas da Mata Atlântica. Como estamos atuando em áreas suscetíveis a inundação, a seleção das espécies para plantio leva em consideração a tolerância a esses ambientes. Assim, quanto mais próximo à margem do leito do rio, plantamos as espécies que são adaptadas a ambientes com solo encharcado para que elas possam se estabelecer e de desenvolver, a exemplo de Ingá, canafístulas, jenipapeiros e saboneteiras. À medida que o plantio vai se afastando do rio e se aproximando da cerca, vamos plantando espécies nativas com menor tolerância à água, como pau pombo por exemplo”, explica Ricardo.
Mais que restauração florestal
Além de promover a restauração florestal destas áreas degradadas, o Projeto Azahar realiza ações em outros três importantes eixos, sempre com o objetivo de promover a sustentabilidade da bacia hidrográfica do Rio Sergipe: educação ambiental; pesquisas na área de segurança hídrica; e monitoramento quantitativo e qualitativo do rio Sergipe.
Foto assessoria
Por Débora Melo