Valorização dos produtos da catinga na gastronomia. Esse foi o tema da primeira edição da mesa redonda Gastrotinga, que reuniu ontem, 27, chefes renomados da cozinha nordestina. Para quem não conhecia as inúmeras possibilidades gastronômicas dentro dos elementos da caatinga, bioma exclusivo do Brasil, foi a oportunidade de se aprofundar no assunto. O evento ocorreu no campus Farolândia da Universidade Tiradentes.
O debate proporcionado pelo curso de Gastronomia da Universidade Tiradentes em parceria com Timóteo Domingos, idealizador da instituição Gastrotinga, destacou a riqueza da cozinha nordestina.
“Esse projeto fala da nossa caatinga, da nossa culinária. É importante que nossos alunos percebam o que está acontecendo fora da universidade, conheçam e utilizem os produtos locais, meios de desenvolvimentos de sustentabilidade” afirmou a coordenadora e professora do curso de Gastronomia da Unit, Kátia de Souza.
Com cocada e biscoito feitos com cacto, o ex-aluno da Unit e fundador do Instituto Gastrotinga, Timóteo Domingos, criou o projeto com o objetivo de reconhecer produtos locais, consequentemente, a identidade sergipana e do Nordeste.
“Enquanto profissionais de alimentação, os alunos têm o poder de transformação por meio do ato de cozinhar e levar isso para cada região. Essa troca de conhecimento é para que eles possam reconhecer a cultura alimentar”.
A chefe Iara Siriguela, campeã do reality show Batalha dos Confeiteiros, declarou que antes de conhecer a gastrotinga, desconhecia todas as possibilidades de pratos com elementos da caatinga. De acordo a chefe, a temática ainda é pouca abordada.
“Infelizmente, ainda temos ignorância sobre alguns produtos, como frutos e plantas da caatinga, que poderíamos usar mais na nossa alimentação cotidiana. A gastrotinga traz isso de uma maneira muito lúcida. Eu, por exemplo, antes de conhecer o projeto, não sabia que podia utilizar os cactos na nossa alimentação. E porque não estamos introduzindo isso tanto? Por que não estamos usando tanto nos nossos doces e sobremesas?”, questiona.
Vencedora do prêmio Dólmã, um dos maiores eventos da gastronomia brasileira, a alagoana Cícera Silva participou do debate e destacou a importância de trazer assuntos como esse para dentro da Universidade.
“Vim de Alagoas para trazer essa união e mostrar que é hora de renovar. O debate mostrou o que eles têm no dia a dia e podem aproveitar. A gastronomia regional vem crescendo. Os profissionais estão trabalhando com a matéria orgânica, aproveitamos o que tem na nossa região, nosso Nordeste é muito rico. Para os alunos isso é muito bom, é um diferencial”.
A oportunidade de trocar experiências com profissionais renomados despertou a atenção do aluno do terceiro período Enzo Sebastiane. “Vi aqui chefes que lutam pela valorização da culinária nordestina”, disse.
No último período de gastronomia, Mônica Freire já coloca em prática a gastrotinga. Segundo a universitária, ao longo do curso havia feito um bolo de palma, o que despertou mais interesse pelo assunto.
“Debates como esse mostram que o sertão tem muito valor e que pode se aproveitar tudo. Principalmente para quem está começando agora é fundamental os conhecimentos passados aqui. Faz toda diferença no nosso crescimento, pois saem daqui grandes chefes”.
Fonte e foto assessoria