A Páscoa de 2025 será marcada por desafios para o comércio sergipano. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima uma retração de -1,4% nas vendas em todo o país, já descontada a inflação. Em Sergipe, a movimentação econômica prevista para o período é de aproximadamente R$ 21 milhões, mas o cenário de consumo é de cautela, impulsionado principalmente pela alta nos preços dos itens tradicionais da data.
O principal vilão da cesta pascal é o chocolate, que deve registrar aumento médio de +18,9%, o maior reajuste em 13 anos. A elevação é reflexo direto da valorização do cacau no mercado internacional, que acumulou alta próxima de 200% em um ano, além da desvalorização do real frente ao dólar, que saltou de R$ 5 para R$ 5,80. Outros itens igualmente impactados são o bacalhau (+9,6%) e o azeite de oliva (+9,0%), encarecendo as tradicionais ceias comemorativas.
Segundo levantamento da CNC, o conjunto de oito produtos que compõem a cesta típica da Páscoa deve apresentar inflação média de 7,4% em relação a 2024, o que vem dificultando a conversão do desejo de compra em vendas efetivas.
Outro fator que reforça o desaquecimento do mercado é a queda nas importações. Dados da Secretaria de Comércio Exterior apontam que, em março, o volume de chocolates importados caiu 17,6%, enquanto o bacalhau teve retração de 11,7%. Para o presidente do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac, Marcos Andrade, o cenário exige atenção redobrada do varejo.
“As vendas de Páscoa em Sergipe vinham em trajetória de recuperação desde 2021, após o impacto da pandemia. No entanto, em 2025, mesmo com a circulação estimada de 21 milhões de reais, esse movimento de crescimento deve ser interrompido pela inflação e pelo câmbio desfavorável e preços mais altos. O consumidor está mais seletivo, e o varejo precisa adotar estratégias criativas para não perder completamente o fôlego comercial da data”, analisa Marcos Andrade.
De acordo com o economista Márcio Rocha, o encarecimento da Páscoa está diretamente ligado à escalada dos custos na base produtiva, pois as matérias-primas para fabricação elevaram consideravelmente de preço. Segundo ele, o ticket médio de compras será de R$ 185.
“O aumento expressivo do preço do cacau, que aumentou 190% em 12 meses, tem pressionado toda a cadeia do chocolate. Além disso, o azeite de oliva, item tradicional nas ceias, também subiu acima da média da inflação. Isso puxou os preços para cima e gerou um efeito cascata no planejamento de compras do comércio e na decisão de consumo das famílias”, explicou.
A expectativa é de que, mesmo com a queda no volume vendido, promoções pontuais e o apelo emocional da data possam sustentar o nível de faturamento próximo ao registrado em 2024, embora com margens mais apertadas para os lojistas.
Texto e foto Márcio Rocha