Comitiva sergipana desembarca na Irlanda para uma série de agendas
Um novo caminho se abre para o artesanato sergipano e transpassa as fronteiras nacionais. Peças de renda irlandesa, oriundas de um saber-fazer considerado Patrimônio Cultural do Brasil, desembarcam junto com comitiva oficial de Sergipe, em Dublin, capital da Irlanda. Até a próxima sexta-feira, 24, será cumprida uma agenda voltada ao fortalecimento dos laços diplomáticos e promoção de intercâmbio comercial de artesanato produzido em Sergipe, com destaque para a viabilização da exportação de peças de renda irlandesa produzidas no estado.
A viagem é resultado de uma série de ações realizadas pelo Governo de Sergipe, por intermédio da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo (Seteem). O potencial exportador da renda irlandesa foi evidenciado por inúmeros países. Ao longo dos últimos 10 meses, uma série de tratativas foram efetuadas com objetivo de promover maior geração de emprego e renda no âmbito desse e de outros artesanatos produzidos no estado, desde videoconferências com diplomatas representantes da Irlanda à visita do embaixador irlandês no Brasil, à época, Seán Hoy. Além disso, houve a produção de um catálogo para exportação e também a viabilização da participação de artesãos em eventos e feiras estaduais e nacionais.
“Além de seu valor cultural inestimável, a Renda Irlandesa desempenha um papel crucial na economia solidária de Sergipe. Cada rendeira é uma empreendedora e a produção de rendas é uma fonte vital de geração de emprego e renda em nossas comunidades. A compra de uma peça de Renda Irlandesa não é apenas um investimento em uma obra-prima de habilidade e beleza, mas também um apoio direto às famílias sergipanas que dependem desse artesanato para sua subsistência”, afirma o secretário da Seteem, Jorge Teles.
Uma exposição de renda irlandesa acontece hoje, 19, durante o Brazil Showcase, evento promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Irlanda, no Smock Alley Theatre de Dublin. De acordo com a organização, o evento conta com a participação de cerca de 800 pessoas, entre elas, empreendedores e investidores de diferentes nacionalidades. Sergipe tem estande reservado no local, com exposição de rendas irlandesas produzidas nos municípios de Divina Pastora, Maruim, Laranjeiras e Nossa Senhora do Socorro. Além disso, foram levadas outras tipologias do artesanato, a exemplo de peças produzidas por artesãos de Santana do São Francisco, de Simão Dias e de Poço Verde.
Na ocasião, Jorge também destacou em sua fala a difusão e ressignificação da renda irlandesa por artesãs do estado. “Nascida nas terras irlandesas, hoje floresce apenas em nosso amado estado de Sergipe. Cada peça carrega consigo a essência de séculos de história, um legado que perdura graças à dedicação e paixão de nossos artesãos, em sua maioria mulheres, que aprenderam a arte com seus ancestrais. É uma manifestação da conexão que transcende gerações, uma herança que tece laços entre mães e filhas, avós e netas.
Oportunidade para as rendeiras sergipanas
Quem também participa da comitiva é a presidente da Associação das Rendeiras Independentes de Divina Pastora (Asdrin), Neidiele Silva. “As expectativas são as melhores possíveis, estamos levando não só a nossa renda irlandesa para exposição no exterior, mas, também, o sentimento de cada rendeira, um pedacinho de cada uma de nós… e isso é motivo de muito orgulho para todas”, destaca.
Ainda de acordo com a rendeira, o Governo do Estado tem sido de grande importância para alcance desses objetivos. “Nunca recebemos esse apoio e atenção que o governo está nos proporcionando”, afirma. Uma diversidade de produtos foram levados para exposição, desde passadeiras à blusas, colares, bolsas, panos de centro e brincos. Segundo Neidiele, mais de 250 rendeiras do estado poderão ser beneficiadas com as conquistas advindas da exportação da renda irlandesa, além de possibilitar maior autonomia e independência financeira entre as produtoras e incentivo aos jovens a fim de garantir a continuidade do saber-fazer.
“A renda irlandesa é transformação, amor, luta… É muito importante, porque através dela muitas vidas são transformadas, muitas mulheres conseguiram autonomia e independência financeira. Ao longo desses séculos, ela vem proporcionando a complementação da renda familiar e sendo muito importante para o sustento da família não só financeiramente, mas psicologicamente também, pois é terapêutico”, finaliza.
Foto: Arquivo pessoal