Desde a última quinta-feira (05), até este sábado (07), em Aracaju, pequenos produtores rurais e artesãos sergipanos têm mais uma oportunidade para comercializarem seus produtos e garantirem sua renda. Isso porque com a realização da 1ª Feira Sergipana da Agricultura Familiar e Economia Solidária o estado passa a integrar o Circuito de Feira da Agricultura Familiar da Câmara Temática, promovido pelo Consórcio Nordeste com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
Em Sergipe, o evento é realizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), com patrocínio do Banco do Nordeste, e conta com a participação de agricultores familiares e empreendedores da economia solidária de todas as regiões do estado.
Além de ser mais um espaço para geração de renda do pequeno empreendedor, a Feira Sergipana também deu a oportunidade para que uma série de organizações sociais demonstrassem a força do seu trabalho. É o caso da Associação de Pequenos Produtores Rurais do Acampamento da Cabrita, de São Cristóvão, que marcou presença no evento com biscoitos caseiros e produtos de artesanato, todos produzidos pela comunidade. “O evento traz para nós uma oportunidade justamente de escoar a nossa produção, porque a agricultura familiar produz toda essa diversidade, desde a própria produção agrícola ao artesanato. É uma oportunidade para que a gente melhore nosso aspecto socioeconômico. E traz também essa questão da nossa tradição, da ancestralidade, como os nossos doces caseiros, por exemplo”, ponderou a secretária da associação, Jielza Correia.
Para ela, a força da agricultura familiar vai muito além do sustento dessas comunidades, proporcionando benefícios para toda a sociedade. “Nosso acampamento está em uma área periurbana, na região metropolitana, em São Cristóvão, a quarta cidade mais antiga do país, e, no entanto, existe uma comunidade que insiste em plantar comida de verdade, tanto para nós como para os mercados vizinhos. Além de tudo, a gente traz à tona a questão da soberania alimentar, do que é comer comida saudável de verdade. E a gente está aqui pertinho, na área metropolitana, na ‘cidade mãe’ de Sergipe, no povoado Cabrita”, acrescentou.
Assim como ela, a produtora rural familiar Iraci Sena, de Pirambu, chamou a atenção para os benefícios dessa modalidade da agricultura, que, segundo o último censo agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representa mais de 77% de toda a produção rural sergipana. “Eu produzo agricultura familiar, orgânica, saudável. A gente tem essa preocupação e essa responsabilidade de trazer para as pessoas um alimento saudável, sem agrotóxico, para que as pessoas tenham segurança alimentar”, colocou a agricultora, que aprovou a realização da Feira Sergipana. “Eu estou gostando da feira, conhecendo novas pessoas, adquirindo experiência e vendendo meu produto. Foi uma boa ideia, e eu espero que ela seja a primeira de muitas”, complementou.
Quem também levou uma diversidade de produtos agrícolas foi a produtora familiar Élida Vieira, do município de Areia Branca. “Hoje eu tenho tomate, tangerina, cebola, repolho, cenoura, beterraba, tomate-cereja, banana, pepino, abóbora, couve-flor e várias folhas. A feira é boa para mostrar aos consumidores que tem vários produtores orgânicos, e é um momento para muitas pessoas conhecerem o nosso trabalho também”, detalhou a agricultora.
A feira também contou com a participação do Espaço Cuidar – Santa Maria, equipamento da Secretaria de Estado da Assistência Social, Inclusão e Cidadania (Seasic) que acolhe a população socialmente mais vulneráveis de alguns bairros. A artesã Gilza Rodrigues, 67, representou o espaço durante o evento, levando artesanatos produzidos por ela mesma e as hortaliças cultivadas na horta comunitária do Espaço Cuidar. “É maravilhoso esse incentivo do Estado. Eu não esperava tanto quanto estou vendo hoje. Temos manjericão, couve, beterraba, pimentão, capim santo, hortelã, tudo orgânico e cuidado pelas nossas idosas”, disse.
Aprovação
A cada corredor, a diversidade de produtos orgânicos e artesanais chamou a atenção do aposentado Marcos Silva, 61. De São Cristóvão, ele contou que ficou sabendo da feira pelo rádio e resolveu vir até Aracaju conferir o evento. “Vim prestigiar a feirinha. Eu acho importante para escoar a produção dos produtores do interior, de pequeno porte. E eu queria ver se eu achava as mangas bem bonitas para dar de presente”, colocou.
Assim como ele, a professora Jussy Oliveira, 54, também soube do evento pela imprensa e por amigos. “Estou gostando. Já fiz umas compras, já comprei cocada, já comprei vinho. Eu acho isso bom, principalmente pelo incentivo aos pequenos empreendedores. É nessas feiras onde eles têm a oportunidade de entrar em contato com o público, mostrar o produto deles. Eu acho legal isso. Deveria ter mais vezes”, considerou.
Já o representante de vendas Adelmon Henrique, 48, que é morador da região onde a feira acontece, aproveitou a saída com a esposa para buscar a filha do casal na escola para conhecer o evento. Ele contou que o que mais lhe chamou a atenção foi a riqueza cultural dos produtos expostos. “Fiquei encantado e vim visitar para conhecer. Vi que tem algumas comidas típicas do interior e o artesanato, que eu acho importante. Então é muito bom para mostrar a cultura de cada interior. Está bem interessante”, ressaltou.
A 1ª Feira Sergipana da Agricultura Familiar e Economia Solidária acontece na Praça Jornalista Orlando Dantas, no conjunto Augusto Franco, bairro Farolândia, na capital, durante os dias 5 a 7 de dezembro, no horário das 14h às 21h. No sábado, o horário será estendido, das 9h às 21h. O objetivo principal é ampliar os espaços de troca de experiências e apoiar a agricultura familiar local. O circuito tem previsão para acontecer de outubro até dezembro em todos os estados do Nordeste.
Foto: Igor Matias