Aracaju, 26 de novembro de 2024
Search

Uma aliança envergonhada e fadada ao fracasso, diz delegado

42b00709-755c-4acb-beb6-a64a51af4d38-e1719510756406

*Por Paulo Márcio

“Edvaldo ganhou a eleição, mas perdeu o meu respeito!” Essa frase, dita na segunda-feira pós segundo turno por um Antônio Carlos Valadares profundamente indignado com a virulência e absoluta falta de ética que balizaram  a campanha política de 2016, ainda hoje ecoa nos quatro cantos de Aracaju.

Dois anos depois, na disputa pelo governo estadual, Valadares Filho experimentaria mais uma vez a mesma artilharia que, maldosamente, transformou sua imagem de jovem promissor em um parasita nascido em berço de ouro, avesso ao trabalho e incapaz de administrar uma simples bodega.

Como não bastasse, logo após a abertura das urnas, um destemperado Jackson Barreto, inconformado com a própria derrota e magoado com os aliados por ter sido escondido em algum baú durante a campanha, a fim de não prejudicar Belivaldo Chagas, irrompe em cena com um telefone amarelo e protagoniza um dos episódios mais patéticos e vergonhosos jamais vistos.

Assim, na avaliação de qualquer pessoa minimamente sensata e conhecedora dos pormenores das últimas eleições, seria inconcebível, sob qualquer pretexto, a reaproximação desses personagens. Exceto por obra do amor. Mas, honestamente, não me parece ser esse o caso.

Parafraseando Dilma Rousseff, acredito que por trás dessa aliança inexplicável há não uma, mas várias figuras ocultas. A primeira é o ministro Márcio Macêdo, que disputa com o senador Rogério Carvalho o comando do PT estadual. Atual padrinho e chefe político de Valadares Filho, coube a Márcio reaproximar os Valadares de seu algoz, Edvaldo Nogueira, e garantir seu apoio a Luiz Roberto (PDT) – menos para fortalecê-lo e mais para enfraquecer Candisse Carvalho, pré-candidata do PT à prefeitura e esposa do seu arquirrival.

No que diz respeito ao boquirroto Jackson Barreto, as figuras ocultas são inúmeras mas podem ser facilmente localizadas por qualquer pessoa alfabetizada. Em caso de dúvida, basta ir na seção “compromisso histórico com as forças progressistas” e lá estarão todos os bem-aventurados dessa nova e efêmera aliança.

Há, decerto, outras figuras ocultas que atuam nas mais diversas áreas e farão de tudo para que as coisas continuem do jeito que estão: alagamentos, uso desordenado do solo, trânsito caótico, centro comercial abandonado, elevado déficit habitacional, esgotos a céu aberto, falta de iluminação, obras abandonadas e de má qualidade, ensino público precário, entre outras mazelas.

Felizmente, o aracajuano está emitindo fortes sinais de rejeição a esse acordão, a essa aliança espúria que insiste em nos acorrentar ao atraso. Afinal, existe limite para tudo. E, por mais que o pragmatismo seja algo cada vez mais comum no ambiente político, em hipótese alguma ele poderá sepultar o amor-próprio, a autoestima e a dignidade necessários para quem se dispõe a conduzir os destinos de um povo.

*Paulo Márcio é delegado de polícia e pré-candidato a vereador de Aracaju no grupo de Emília Corrêa

Leia também