O auditório do Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed) foi palco de uma reunião histórica na noite dessa terça-feira, 7, marcada pela presença da nova secretária municipal de saúde de Aracaju, Dra. Débora Leite.
Com o espaço completamente lotado, diretores da entidade sindical e médicos de diferentes vínculos da rede municipal — estatutários, profissionais PJ, integrantes dos programas Mais Médicos e Médicos pelo Brasil — reuniram-se para apresentar demandas, discutir problemas e propor soluções voltadas ao fortalecimento da saúde pública na capital sergipana.
A reunião foi conduzida pelo presidente do Sindimed, Dr. Helton Monteiro, e pelo vice-presidente, Dr. Argemiro Macedo, que compartilharam a mesa com Dra. Débora Leite.
Participando ativamente do encontro, a secretária respondeu perguntas e contribuiu para um diálogo que marcou um momento importante na relação entre os profissionais da saúde e a gestão municipal, simbolizando o compromisso conjunto em enfrentar os desafios do cotidiano médico e em garantir um atendimento de excelência à população.
“Hoje tivemos aqui no Sindimed uma reunião com os médicos da rede municipal para debater questões fundamentais”, declarou Dr. Helton Monteiro, ressaltando, em tom crítico, a precariedade nas condições de trabalho, incluindo a falta de direitos básicos, como licença-maternidade, férias e décimo terceiro salário para os médicos em regime de PJ, além de atrasos salariais que penalizam os profissionais.
“Discutimos a necessidade de concurso público, melhorias no acesso da população a exames e especialistas, e melhores condições de trabalho. Tivemos uma casa cheia, com médicos de várias especialidades. É o primeiro passo de um diálogo permanente com a secretária municipal de saúde, que esperamos que resulte em avanços concretos”, completou Helton, sob aplausos dos presentes.
O olhar da gestão
Dra. Débora Leite, em sua intervenção, destacou a importância do encontro para compreender as dificuldades enfrentadas pelos médicos e delinear ações.
“Esse primeiro contato foi essencial para ouvir as reivindicações e como eles enxergam o serviço. Foi um momento muito proveitoso. Algumas sugestões já podem ser implementadas rapidamente, enquanto outras dependerão de avaliação de recursos que levaremos à prefeita Emília Corrêa”, afirmou a secretária.
A gestora reforçou a intenção de estabelecer uma parceria sólida com o Sindimed e outras instituições representativas. “Precisamos trabalhar de mãos dadas. Queremos que os profissionais se sintam bem no serviço público, pois isso reflete diretamente no bem-estar dos pacientes. A gente agradece ao Sindicato por propiciar esse encontro em meio a agendas corridas e presenças de profissionais de vários lugares. Queremos manter essa parceria com o sindicato, porque a gente entende que é uma instituição que está lutando pelos médicos. Então, eu acho salutar e a gente precisa trabalhar unidos”, frisou Débora, acompanhada por José Marcos, coordenador da Atenção Primária, e Poliana Cardoso, coordenadora de Regulação.
Na ocasião, José Marcos também apresentou um diagnóstico preocupante da atenção primária em Aracaju, apontando falhas estruturais que precisam ser corrigidas urgentemente, como a sobrecarga nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a inadequação de equipes de saúde da família.
Testemunhos
Ao longo da reunião, médicos se manifestaram, expondo o impacto das condições precárias em suas rotinas e na saúde mental.
Uma médica PJ emocionou a todos ao descrever seu cotidiano exaustivo e a insegurança profissional. “É uma escravidão. Trabalhamos com medo, sem direitos básicos, com salários atrasados. Amo o que faço, mas é necessário que alguém olhe por nós com mais empatia”, desabafou, arrancando lágrimas e aplausos.
Outros relatos trouxeram à tona questões de assédio moral, insegurança nas UBS e falta de autonomia profissional. “Não podemos nem ir ao banheiro sem sermos acusados de fazer corpo mole”, denunciou uma médica.
“Superiores invadem nossos consultórios sem permissão, interrompendo consultas. Isso é inadmissível”, completou outro.
A casa dos médicos
O presidente do Sindimed reforçou a importância da união da categoria e da filiação ao sindicato para combater fatos degradantes.
“O que ouvimos aqui hoje é revoltante, mas nos dá ainda mais força para lutar. Esta é a casa de vocês. É aqui que encontramos respaldo para denunciar atrasos salariais, assédio moral e outras violações. Juntos, podemos conquistar melhorias, como já fizemos no passado”, sublinhou Dr. Helton, lembrando conquistas históricas do sindicato.
A fala do presidente foi complementada pela esposa de um médico que agradeceu o apoio do Sindimed em um caso de assédio moral. “Encontramos amparo aqui. Lutamos juntos e vencemos.”
Continuidade do diálogo
A reunião foi encerrada com um compromisso de continuidade do diálogo. Para os médicos presentes, o encontro representou um sopro de esperança em meio às adversidades.
Para a gestão municipal, foi uma oportunidade de ouvir quem está na linha de frente da saúde pública.
O Sindimed, com mais de quatro décadas de história, reafirmou sua posição como um pilar de luta pela valorização da classe médica.
“Essa foi apenas a primeira de muitas discussões. Continuaremos batalhando por melhores condições de trabalho e por uma saúde pública mais digna para todos”, concluiu Dr. Helton Monteiro, sob os aplausos de um auditório repleto de médicos determinados a transformar suas vozes em ação.
Participação
Além dos médicos da rede municipal, demais diretores do Sindimed, como Dr. Brunno Goes, Dr. Alfredo Andrade, Dr. Carlos Spina, Dr. João Augusto, Dra. Gilmara Carvalho, Dra. Angélica Henriques, Dra. Tatiana Richter, Dra. Andreza de Almeida, e o decano e ex-presidente do sindicato, Dr. José Menezes, estiveram presentes.
Texto e foto: Joangelo Custódio, assessoria de comunicação Sindimed