Projetos de pesquisa e iniciação científica desenvolvidos em escolas da rede pública estadual de Sergipe participam nesta quinta-feira, 27, da 23ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Tecnologia (Febrace), que ocorre no InovaUSP, da Universidade de São Paulo (USP).
Considerada a maior feira do gênero do país, a Febrace expõe mais de 300 projetos nas categorias Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e Engenharia.
O Centro de Excelência Dom Juvêncio de Britto, situado em Canindé de São Francisco, e o Centro Estadual de Educação Profissional Dom José B. de Castro, de Poço Redondo, expõem dois projetos: ‘Estudo da ação da curcumina derivada do açafrão-da-terra (Curcuma longa) para prevenção do câncer de pele em áreas de alta incidência solar’, e o ‘Palmlac: Integração da economia circular e segurança alimentar através do reaproveitamento sustentável do soro de leite para combater a subnutrição’. O Centro de Excelência Atheneu Sergipense, de Aracaju, participa com o ‘Ecoembalagens de fibra de coco: Transformando a matéria-prima da praia de Atalaia/SE em ecoembalagens sustentáveis”, e o ‘Desenvolvimento de esponjas biodegradáveis’.
Paralelamente à feira, há palestras, exposições e visitas técnicas a instituições de pesquisa e empresas parceiras. A Febrace finaliza nesta sexta-feira, 28, com a premiação dos projetos destaque em cada categoria e a escolha do professor destaque da edição 2025, tendo o professor Alisson Souza da Cruz, ex-aluno e professor do Colégio Professor Anfilófio Fernandes, de Umbaúba, e coorientador do projeto “Utilização da manipueira com inseticida natural na dinâmica das formigas cortadeiras e na produção de fungo”, do Colégio São Salvador, está entre os dez finalistas.
Todos os projetos buscam respostas para problemáticas sociais com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e trazem inovação, criatividade, impacto social e rigor científico.
Projetos sustentáveis
O ‘Ecoembalagens de fibra de coco: transformando a matéria-prima da praia de Atalaia/SE em ecoembalagens sustentáveis’, desenvolvido pelos estudantes do Atheneu Sergipense Bruna Silva de Menezes, Gabriel Lima Rodrigues e Mary Gabrielle Costa Pereira, sob a orientação das professoras Darcylaine Vieira Martins e Cristiane Campos Lemos Moreira (Química), pretende diminuir o descarte da fibra do coco, reutilizando o que seria lixo nos quiosques da praia de Atalaia na criação de ecoembalagens.
“Estar na maior feira de ciências para a gente é surreal, pois mantemos contato com produções novas e abrimos portas. A gente vê coisas aqui que só conhecíamos pela TV. Está sendo um aprendizado”, destaca Gabrielle Costa, aluna integrante do projeto já premiado na Feira de Ciência Jovem, em Pernambuco, e na Febic, em Santa Catarina.
Também do Atheneu Sergipe, despertou interesse no público o projeto que transforma a fibra de coco em esponja, uma alternativa sustentável às esponjas de plástico, desenvolvido pelos alunos Caio Matheus Lobo Dias, Gabriel de Oliveira Santos e Jessy da Silva Santos, orientados pela professora Cristiane Campos Lemos Moreira (Química) e pelo professor Everton Ricardo (Física).
A estudante Jessy da Silva explicou que Sergipe é o quarto produtor de coco do país e essa produção acaba sobrecarregando e poluindo o sistema de descarte, de venda e de coleta. “Com esse projeto, a coleta seria para reutilização da casca e da fibra reduzindo o impacto ambiental e criando um novo produto”, explica.
O projeto levantou a curiosidade do professor paraibano Ranniery Félix. Ele destacou que já tinha visto diversas pesquisas com a fibra do coco, mas não tão autênticas e sustentáveis. “Gostei muito do material de trabalho. Eles utilizaram chá de cravo para evitar fungos e mofo das esponjas, de forma totalmente sustentável e natural”, afirma.
A professora Darcylaine Martins, orientadora dos projetos do Centro de Excelência Atheneu Sergipense, destacou que não há competição, pois, segundo ela, expor na maior feira do país é estar entre os melhores projetos. “Participo pela terceira vez e é uma oportunidade incrível para mostrar o talento e a criatividade dos nossos alunos da escola pública”, frisa.
Prevenção em saúde e segurança alimentar
Os alunos Ana Clara Alves, Diógenes Felipe Rodrigues e Isabely Tavares, do Centro de Excelência Dom Juvêncio de Britto, situado em Canindé de São Francisco, e do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José B. de Castro, de Poço Redondo, sob a orientação das professoras Lark Soany e Marisa Gomes Nobre, mostram que o sabonete terapêutico da curcumina, derivada do açafrão-da-terra (Curcuma longa), pode ser utilizado na regeneração de células e danos cutâneos provocados pelos radicais UV, prevenindo o câncer de pele em áreas de alta incidência solar.
Também do Alto Sertão sergipano, o Centro de Excelência Dom Juvêncio de Britto levou o inovador projeto ‘Palmlac”, orientado pelas professoras Lark Soany e Marisa Gomes Nobre, de autoria das alunas Laura Fernanda e Maria Luiza dos Santos. A pesquisa reutiliza o soro do leite no aproveitamento para a fabricação de bebidas lácteas com composição de nutrientes, como a palma. O projeto pretende gerar a integração da economia circular e segurança alimentar por meio do reaproveitamento sustentável do soro de leite para combater a subnutrição. A pesquisa também apresenta um projeto de política pública de como podem ser utilizadas as bebidas lácteas, por exemplo, na alimentação escolar.
Veterana em participações de feiras de ciências, a professora e orientadora Lark Soany destacou que Sergipe mostra sua força, mostra que a escola pública faz ciência de qualidade, e está no patamar de todas as escolas do país. “São projetos inovadores, criativos que buscam sempre resolver problemáticas atuais. Os alunos mostram que dá para fazer ciência de qualidade, representa muito bem nossa escola pública, mostra que a gente tem feito a diferença na vida dos estudantes, e participar da Febrace é estar no topo da ciência do país durante uma semana”, avalia.
Demais projetos sergipanos
Além das escolas públicas estaduais, duas instituições da rede privada de Sergipe também participam da competição. O Colégio São Salvador, de Umbaúba, apresenta o projeto ‘Utilização da manipueira como inseticida natural na dinâmica das formigas cortadeiras (Atta sexdens) e na produção do fungo Leucoagaricus gongylophorus’, desenvolvido por Cauã Nascimento Oliveira e Ana Luísa Anjos Araújo, sob orientação dos professores Makel Bruno Oliveira Santos e Alisson de Souza Cruz. Já o Centro de Excelência Master, de Aracaju, apresenta o projeto ‘Muito Mais Que Música’, desenvolvido por Marina Mascarenhas Freitas de Aragão e Joaquim Pedro Santos Gomes de Barros, sob a orientação de Jacilone Alves de Souza.
Febrace
A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE) acontece anualmente desde 2003, na Universidade de São Paulo, e reúne alunos de diversos estados do Brasil proporcionando um espaço para descobrir novos talentos, valorizar e desenvolver projetos criativos elaborados por eles.
Os principais objetivos da Febrace incluem estimular o interesse em Ciências e Engenharia entre os jovens, engajar professores em práticas pedagógicas inovadoras e aproximar escolas públicas e privadas das universidades, proporcionando aos estudantes contato com diferentes culturas e cientistas renomados. A feira seleciona finalistas para competições internacionais e oferece oportunidades em temas relacionados a STEAM (Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática).
Foto: Ascom Seed